Se as sextas-feiras falassem
Encontro. Eita palavrinha que denota acaso. Pensando assim, sem objeto direto, parece até que bate de testa testa. Assim, encontro. Desculpe, machucou?
O pior é que naquela sexta-feira foi assim mesmo. Não que tenha calo na minha testa; sejamos metafóricos. Era encontro combinado e agendado, que nem consulta de médico. Ele de calça jeans, ela de blusinha florida. (Ele era eu, note-se). Ela na banca de jornal; ele atrasado mais ou menos. E lá foram eles, ainda desencontrados, mas já desconfiados.
Do assoviar descuidado para o “ai, minha testa!” foi – como sempre é – um simples-ser inexplicado. Foi, ué. Aconteceu em algum ponto entre o nascimento de e a morte de ambos; não posso ser mais preciso. “Ploc!”: testa com testa. Doeu gostoso.
Ele era eu. Viveu feliz para sempre. Se você encontrá-lo, ele saberá contar melhor. Porque hoje eu não sou mais ele. Saí de cena, fui catar coquinhos na praia do esquecimento. Ele ainda está lá, com ela; soube que acaba de inventar o elixir da imortalidade. Onde, ao certo, é que não sei. Pergunte àquela sexta-feira; ela guarda todos os segredos.
2 comentários:
vc me espanta, bernardo. cara, muito bom!
Fico a espera das segundas, terças, quartas e quintas da sua vida!!Isso pq acho q no fim de semana vc foi cuidar da testa né!?!?!
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