sexta-feira, abril 29, 2005
"Mas Carolina não viu"
Carolina era loira, drogada e descrente. E muito. Já estava há exatos 436 dias no País das Maravilhas e ainda não acreditava em nada do que via. Agora mesmo, tinha acabado de dar os 65 dólares nas patas do Coelhinho Roxo, mas não estava nem aí. O dinheiro não faria falta mesmo. Afinal, o que não existe não faz falta. "Peraí, há quem diga o contrário", protestou o Coelhinho Roxo. Ele tinha a péssima mania de ler os pensamentos da Carolina. "Por favor, sem intimidades filosóficas. Dê-me o troco, ande". "Que troco, Carolina?". "Ora bolas! Você me deve 1 dólar e 75 centavos!". "Carolina, você já é uma viciada terminal. Faça-me o favor de olhar com mais atenção a minha tabela de preços", respondeu o Coelhinho, impaciente. Ele havia tirado um pequeno e amarelado papel do bolso do paletó, e estendia-o para ela. Carolina pegou, olhou e tirou o arzinho metido da cara. Foi embora. Para onde? Para o primeiro parágrafo.
Pois então. À frente da Carolina estava a tão procurada saída do País das Maravilhas. O problema era que nas suas mãos havia a entrada para o País das Maravilhas. Era como se estivesse entre dois espelhos, portanto a confusão da coitada seria bastante compreensível. Seria. Verbo "ser" conjugado na terceira pessoa do singular do futuro do pretérito do indicativo. Carolina não estava confusa. Aliás, Carolina estava muito à frente dessas palavras aqui, pois ela já tinha injetado a droga há muito tempo. "Uhu!", já pensava ela enquanto eu digitava a metáfora dos espelhos.
terça-feira, abril 26, 2005
Do morango gigante e o coronel epiléptico
Buiú, o universitário ocioso, saiu pensativo da aula de marketing. "Está tudo errado com o morango", falou. "Nem a banana, a maçã ou qualquer outra fruta concorrente tem o potencial de consumo do morango. Ele é bonito, gostoso e, o melhor de tudo, tem uma marca forte. Não tenho dúvidas de que seja top of mind na cabeça do consumidor; o morango tem uma imagem associada à paixão, ao prazer e ao requinte; e nem é tão caro assim. Então a pergunta é: Por que se come mais maçãs e se toma mais Coca-Cola - pra falar de um concorrente indireto - do que se come morango?". Sua fisionomia era a daqueles discursantes que faziam perguntas retóricas como se fossem os últimos guardiães da resposta. Mas estavam cansados do fardo, e, orgulhosa e majestosamente, cediam o conhecimento à platéia ignorante.
O Moreira, que acumulava os títulos de coronel do exército epiléptico e de amigo imaginário, ajeitou-se na sua montaria, ereto e pensativo. "Deve ser a taxa de juros", arriscou despretensiosamente, coçando as dragonas enferrujadas. "Não, rapaz. Você anda lendo muito jornal. Se eu estivesse no Desenvolvimento de Produto, o morango seria líder de mercado". "Então o que é?", o Moreira agora coçava as suíças. "O morango..." - Buiú fez uma pausa para dramatizar - "... é muito pequeno, Moreira". O universitário encarava seu amigo, com um sorriso triunfante. Se ele tivesse um charuto, com certeza daria um tragada - também para dramatizar. "Não existe continuidade no consumo do morango. A pós-modernidade exige rapidez e dinamismo, e o morango não permite isso. É, como já disse, muito pequeno. As pessoas não querem ficar comendo morango que nem uva. Uva tudo bem, o diferencial dela é comer uma bolinha por vez. Mas o morango não; o morango deveria ser do tamanho de uma manga. Ou de uma jaca".
"Mas isso é absurdo!", protestou o militar. "Se Deus fez asim, é porque é melhor assim", acrescentou, mas com tanta segurança que eu me sinto tentado a colocar um ponto final no diálogo. O Moreira teria gostado disso, mas aí eu não corresponderia ao rigor jornalístico, porque o Buiú logo redargüiu: "Deus fez assim porque o seus anjos estudaram na Estácio! O morango foi feito para ser consumido a largas mordidas, meu amigo, e, se o Senhor tivesse o mínimo de... Droga. De novo, Moreira?". Buiú teve que parar a sua brilhante exposição; o Moreira tivera outro ataque e caíra do cavalo, se tremelicando todo no chão.
sábado, abril 23, 2005
Enquanto isso no quintal...
Corta. VEEERY Extreme close-up na sola do chinelo do Marquinhos:
"Meu Deus! Quanta gosma! Eu não vou comer isso neeem morta", desprezou ela. Ela desprezava tudo. "Ai, ai", gemeu ele. O negócio dele era gemer. "Ora, Orlando! Vai me dizer que esses diplópodes são tragáveis? Eeeca, acho que isso é o fígado dele!", desprezou. "Cala a boca e come, mulher", gemeu. "Orlando! Você está achando que eu sou um staphilococus ou algo assim?", desprezou. "Ai, lá vem de novo...", gemeu. "Eu sou um bacilo! E não um bacilo qualquer!", desprezou. "Lá vem a história da tuberculose...", gemeu. "Lembre-se que MEU pai serviu ao Bacilo de Koch!", desprezou. "Puta que pariu, nem posso mais comer em paz", gemeu.
Fade-out. THE END. Obrigado pelos 11 reais do ingresso, otário.
sexta-feira, abril 22, 2005
Momento boçalidade
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UUUUUUU
"Us piqueno bdesce us grande". Lembrei dessa palhaçada "12 anos" outro dia. Morri de rir. Você, que está achando o título desse post muito adequado, deveria rir também. O título é pra você. Mas a piada também.
Diálogo improvável
domingo, abril 10, 2005
Driblar ou dibrar?
Devia estar em Niterói nesse momento, mas estou aqui firulando. Droga. Ponto.
Domingo qualquer
sábado, abril 09, 2005
Sabadão sertanejo
Peraí...
Primeiro post
Ahá! Aposto que ninguém nunca começou um blog com um espirro. Permitam-me ser o primeiro.