domingo, outubro 08, 2006

Para pensar de noite

Às vezes parece que escrever é um parto. Parto de bebê parido há gerações por pais sem conta. Bonito dizer o que quer que seja, se dizer é parir. Mas às vezes escrever é simplesmente pintar enganos nas paredes já pintadas de mil outros enganos, por sua vez copiados de empoeirados alfarrábios plagiados. Às vezes parece que não tem graça.

E não se trata aqui de louvar originalidades. É simplesmente desacreditar um pouco eu mesmo e minhas palavras. Dizer talvez seja tão somente matar o tempo, que de outra forma morreria sozinho. Afinal, nada melhor do que ter que ver com a morte de algo, principalmente o tempo. Saber pelo jornal não basta. O bom mesmo é sentir o sangue quente escorrendo nos pulsos. O sangue correr sozinho, ignorante da gente, é um insulto, uma blasfêmia. Malditos rios que não precisam de mãos humanas para desaguar. Em suma: figurantes, jamais; queremos é mover o mundo. E, - coisa estranha! - o sopro de nossas palavras é mais forte que nossos músculos.

Um comentário:

Anônimo disse...

"E, - coisa estranha! - o sopro de nossas palavras é mais forte que nossos músculos."

uôu!