segunda-feira, outubro 16, 2006

Não leia se não gosta de coisas inúteis

Então. De repente perdi o sono. Acordado pelos meus dedos, parece que nunca dormi; vim escrever-te. Poderia usar a desbotada analogia de que a noite lá fora é calma, mas aqui dentro o mundo agita-se, revolto. Poderia, mas não o faço. Primeiro, porque exige uma cara-de-pau bem grande repetir analogias desbotadas a essas horas. Segundo, porque não; estou tão sereno quanto a lua lá fora. Estou em lua nova.

Ainda assim não consigo dormir. Nas veias não há uma pulsação supérflua, uma gota sequer de nenhum desses hormônios do caos. O coração só bate porque é só isso que ele sabe fazer. Ele bate, no ritmo daquele jazz que se ouve em lugares com pouca iluminação e muita fumaça de cigarro. Vivo, apenas.

Já reparou quão notívaga é a luz do monitor do computador? Ela trabalha alegre, saltitante, não importa o quão tarde. Tenho pra mim que é mais fraca de dia, como se gostasse mesmo é do depois da meia-noite. Já eu, vou definhando em sonolência, depois de intermináveis horas de digitação. Até que apago a luz dos olhos; durmo sem saber o que me trouxe aqui. Povoam meus sonhos saltos, abelhas e uma multidão que veste chapéus. Não tenho nem a sorte de sonhar com o motivo da insônia fajuta.

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