Quando ela saiu, fez questão de levar a chave e deixá-lo trancado em casa. Disse para esperá-la, que voltava, e que trazia pão fresquinho e carinho. Que esperasse. Depois, bateu na casa de cada vizinho e convenceu a todos que deveriam sair dali. Que era melhor, e que não se preocupassem, que ela chamava a empresa de demolição. Derrubou-se todo sinal de moradia num raio de quilômetros, até onde a vista dele alcançava. Dedetizou a região; mataram-se as pragas, e junto com elas simpáticas formigas, grilos, gatos e marias-sem-vergonha. Depois, calou o vento e os pássaros. Em seguida, mandou apagar o sol, e desintegrar a lua.
Voltou um tempo depois, e parou em frente à casa trancada. Sem ar que vibrasse as suas palavras, teve que passar um bilhete por baixo da porta. Avisava que demoraria mais um pouco, que era um imprevisto, que esperasse. Despedia-se com um beijo, cheio de promessas. Depois, fez queimar o bilhete, e a si mesma.
sábado, setembro 22, 2007
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Um comentário:
é um retrato intrigante, e fiel em certos casos.
uma das minhas escritoras favoritas descreve a esperança como "a puta vestida de verde deitada na cama ao lado" - mas eu penso que ela está sempre é do outro lado da cama.
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