Hoje eu ri de todos os amantes. Os tolos, os infantis, os sisudos. Desprezei declarações comedidas e "eu te amo"s gritados do fundo dos pulmões. Lamentei, com aquela velha sensação de superioridade, todas aquelas pessoas invejáveis em sua ventura.
Porque elas não sabem o que eu sinto.
Gargalhei de todos os poetas, cantando suas musas e seus sabores. Com um sorriso condescendente, deixei os brutos com suas cartinhas mal escritas. Não fui preconceituoso: ignorei os aplausos aos grandes escritores. Todos eles, tão infelizes.
Porque não sabem o que eu sinto.
Pra que largar tanto amor ao vento? Deixar se perderem, indefesas no lado externo do peito, essas crianças que nunca crescem? Por que, meu Deus, sujar quilos de papel com preciosidades inomináveis? Diz-se, declara-se, perde-se, gasta-se. Não, eles não sabem o que fazer com seus amores.
Hoje o mundo está sujo de tantas frases que perderam seu sentido de existir. Céus, juntemos as palavras de carinho numa grande montanha de lixo! São todas usadas e recicladas, ama-se em ciclos ecológicos. Diz-se, e logo se perde o que deu origem ao que foi dito. Eu prefiro ser avaro, e juntar meus diamantes brutos. Gosto de sentir você me doer inteiro.
Não, você também não sabe o que eu sinto. Não faz idéia sequer de um quinto dos nomes que te dei dentro de mim. E nem por isso sou menos sincero.
Eu não te amo, eu não te quero, eu não te desejo. Você já é minha antes de eu ser de mim. Não importa o que aconteça, eu duvido que alguém algum dia irá te possuir como eu. Dessa forma que nem você nem eu sabemos. Essa mesmo, que você nem sabe que existe. Esse vazio tão pontiagudo.
Você me foi um tiro que errou o alvo, e o sangue escorrendo assim mesmo.
domingo, julho 22, 2007
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2 comentários:
Eita, que bonito.
Merece um link divulgador esse post.
Lindo, Bernardo! Acho que VOCÊ sabe o que eu sinto. rs
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