terça-feira, dezembro 26, 2006

Ao telefone

- Não sei... Mas é ser meio mala enxergar podridões em pleno Natal, né?
- Qual o quê! O Natal não é diferente de nenhum outro dia no ano. Fico puto com essa onda de bondade nas pessoas. Parece que todo mundo vai dar um daqueles abraços coletivos na Lagoa. E você é a Lagoa.
- É, você tem razão. Ser mala é falar “Qual o quê!”.
- Se não me engano, foi você quem ligou pra mim, e não o contrário.
- Sim, e pra desejar Feliz Natal, e não ficar ouvindo resmungo de velho ranzinza. Era só isso.
- ...
- Pra falar a verdade, eu nem gosto tanto de você assim. Mas tenho a péssima mania de ser educada e cordial.
- Já te mandaram tomar no rabo hoje?

Algumas ofensas depois...

- Olha, tenho que ir lá. Trocar 73% dos presentes que ganhei.
- Papai Noel está ficando gagá, né. Já era tempo.
- Cale a boca, que ainda estou ofendidíssimo com a senhorita.

Mais algumas ofensas depois...

- É um absurdo! Nunca confie numa pessoa que não gosta de bacalhau!
- Dá licença? Não gosto, e pronto.

Três ou quatro xingamentos depois...

- Amor, tenho que ir mesmo, tá?
- Tá bom, linda. Amanhã nos falamos.
- Durma com os anjos.
- Não posso.
- Hein?
- Você não está aqui.
- Bobo! Tchau, tá?
- Beijo.
- Beijo.

2 comentários:

Anônimo disse...

e o pior é que é por aí mesmo! rs...

Anônimo disse...

muito bom o diálogo. Por certos tons, parece até que foi transcrito e não firula...

beijo!