terça-feira, agosto 23, 2005

Puft!

Era só a Mariazinha começar a pular corda que - puft! - ela desaparecia; deixava a mãe louca. "Mariazinha, o almoço está p... Oh, não. De novo?". Essa frase se repetia sempre, mas é claro que com algumas variações. Às vezes era a janta que estava p... ou então a Mariazinha tinha que estud... O que permanecia constante, posto que bizarro, era que quando a Mariazinha começava a pular corda, ela - puft! - desaparecia.

Pra onde ia, essa menina? A mãe já se perguntara isso várias vezes. Coitada; se nem eu sei - e olhe que sou eu que estou inventando essa história -, imagina a mente simplória e sem imaginação da mãe. Sem poder entender, e encarando aquilo como um ato de rebeldia da filha, lhe restava odiar a maldita corda. Se ela pudesse se livrar da maldita corda! Mas a filha adorava a maldita corda. A mãe estava lendo jornal, e estava lá a Mariazinha com a maldita corda. De repente - puft! - some a Mariazinha. Assim não dá, Marcelo (era o pai), essa menina tem que ir pro psicólogo. E o Marcelo ria.

O Marcelo ria mas a mãe se descabelava. E a Mariazinha, tadinha, não queria saber de nada. Ela só queria pular corda e - puft! - desaparecer. Isso a fazia tão feliz!

Não pensem vocês - que vivem pensando - que a Mariazinha era uma maníaca obsessiva-compulsiva mirim. Não senhores. A Mariazinha era uma das melhores na escola, e ninguém vencia ela na peteca e no queimado. Sem contar no pique-esconde, claro. Ela era uma garota como qualquer outra, tirando o fato de - puft! - desaparecer de vez em quando.

Vocês já devem estar adivinhando que, depois de quatro parágrafos de - puft! - desaparecimentos, a mãe já deva estar furiosa. Transbordando. E está, de fato. Aliás, nesse exato momento ela está no quarto da filha procurando a maldita corda. E ela está com uma faca de cozinha e um saco de lixo nas mãos.

Não preciso descrever a cena, não é? Aliás, acho que também não preciso descrever a tristeza da Mariazinha quando chegou em casa e - puft! - a sua tão querida corda havia desaparecido.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ei, que mãe malvada!

Anônimo disse...

Porra, mei seu Blog.
E continuo com saudades...
Sempre escrevendo mto bem... sempre...
:*
Mil beijos.